Um tantinho de jazz!
Quando
se principia amar os que chamam de clássicos? Quando você afina teus gostos? E
como adorar a música mais fina dos pretos? Como afinar na tua vida a coisa mais
elegante que é o Jazz? Buscando... Descobrindo... Desenhando...
Sempre
me deparei com amigas e amigos da Faculdade de Filosofia e Ciências humanas da
Bahia que iam ao MAM- Museu de Arte Moderna, para escutar Jazz, e sempre
resisti e dei preferência em ficar em casa curtindo as músicas antigas de
Milton Nascimento, sacudindo a cabeça com Beto Guedes e deixando o coração se
contorce com Caetano Veloso e assim segui, feliz e fechando os olhinhos.
Depois
de muito tempo e visita a casa destes amigos e amigas, percebi, com meu olhos
afiados de uma antropóloga
efêmera, que nenhum tinha um único CD ou arquivo de mp3 de Jazz, sempre
pensava: Ela gosta de jazz ou gosta de achar que gosta de Jazz? A quem estas
pessoas enganam? Aos gostos ou desgostos de uma representação mal elaborada?
Gostar
de Jazz é um status? Ou está naquele meio e balbuciar
vogais é o status? Esta semana conversando com um grande pianista Mauricio
Lourenço, me deparo nesta minha crise e nesta minha resistência de escutar
Jazz, não tive vergonha e confessei: Eu nunca escutei Jazz, Misericórdia!
Senti
um pouco de embaraço, tão engajada com o movimento negro, tão disposta a viver
na militância e desconhecia estas raízes. Conversando, ainda, com este músico
que transpira notas musicais, abri o jogo e alertei que não só desconhecia da nossa
primazia negroide como fui ignorante a ponto de não desejar conhecer. De forma
muito sábia e direta, ele confessa: Gostar de Jazz é sinônimo de ser intelectual,
mas isso para mim não significa nada. Então deduzi: Gostar de jazz para
consolidar o ser intelectual, pode, todavia perceber e escutar, isso são outros
quinhentos.
Lourenço
conta um pouco sobre a história do Jazz e do Blues, e a questão do lamento
deste estilo musical e da perfeição e amadurecimento do outro estilo e afirma
que muita gente escuta, mas desconhece o que cada um significa e da importância
destes estilos para comunidade negra, seria um ouvir no vazio de um
intelectualismo barato.
Estou
disposta a escutar, comecei do zero, pela história, mas agora escolhi alguns
CD’s e vou começar por Miles Davis e posteriormente por Billie Holiday, posso
está errada, posso estar começando pelo mais difícil, mas o que não é fácil é
mentir para si mesmo e fingir que gosta de Jazz.
Aqui
jaz uma socióloga que faz diferença e escuta Jazz!
Elisia
Santos
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