Não vou mais lavar os pratos e não ache que eu sou uma louca por causa disso!
Não vou mais lavar os pratos e não ache
que eu sou uma louca por causa disso! No dia 25 de julho de 2014 as mulheres de
várias cidades da Bahia estavam reunidas no Forte da Capoeira batendo de frente
contra o racismo e o sexismo. Lembro-me de várias situações e das reencarnações
das Teresas de Benguela, afirmando o seu poder, com suas coroas no formato de
turbante, no seu glamour com as tranças, cantando músicas católicas e de
candomblé, andando de uma lado para o outro para o evento dar certo, vendendo seus
produtos a preços em conta, discutindo política em todas as entrelinhas.
Este evento marca uma vida, todo 25 será
lembrado pela força deste encontro, que é a base para Marcha das mulheres negra
2015. Esta marcha que já começa chegando no Pelourinho com força total e
afirmando: Estamos caminhando, mas Brasília é nossa meta.
O que seria esta marcha? A Marcha das Mulheres Negras 2015 Contra o Racismo e a
Violência e pelo Bem Viver, que será no dia 13 de maio do próximo ano, em
Brasília. E tem como principal objetivo exigir o fim do sexismo e racismo em todos os seus modos de
incidência.
Desde a saúde, onde a
mortalidade materna entre mulheres negras estão relacionadas à dificuldade do
acesso aos serviços de saúde, à baixa qualidade do atendimento recebido aliada
à falta de ações e de capacitação de profissionais de saúde voltadas
especificamente para os riscos a que as mulheres negras estão expostas; da
segurança pública cujos operadores e operadoras decidem quem deve viver e quem
deve morrer mediante a omissão do Estado e da sociedade para com as nossas
vidas negras; à estética, em que a mulher negra é taxada o tempo inteiro como
objeto sexual e como não bela.
Vamos denunciar em
Brasília, pois estamos em marcha:
·
Pelo fim do femicídio de mulheres negras e pela visibilidade e
garantia de nossas vidas;
·
pela
investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a
penalização dos culpados;
·
pelo fim do
racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação promovendo a violência
simbólica e física contra as mulheres negras;
·
pelo fim dos critérios e práticas
racistas e sexistas no ambiente de trabalho;
·
pelo fim das revistas vexatórias em
presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções;
·
pela garantia de atendimento e acesso a saúde
de qualidade às mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e
sexual nos atendimentos dos serviços públicos;
·
pela
titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres
negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à
ancestralidade;
·
pelo fim do
desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural de nossas práticas
ancestrais de matriz africana;
·
pela nossa
participação efetiva na vida pública
E
nossa marcha é agora, todas juntas, pois dia 25 de julho marca nossas vidas e a
marcha em 2015 terá que marcar está nação.
Todas
no turbante, nas tranças, com suas guias, para cima do racismo Sempre!
Elisia
Santos.
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