Ser forte e ser fraca!



Ser forte e ser fraca!

Qual a melhor forma de cuidar de uma criança? Como iremos conseguir a proteção destas crianças quando não estamos próximo? Muitas perguntas, dúvidas e poucas respostas. A preocupação com a segurança dos filhos é de ordem biológica, no entanto, há um limite entre a preocupação aceitável e a excessiva, que pode fazer mais mal do que bem a uma criança. Em geral, a família super protetora são inseguras e ansiosas, temem que suas crianças possam cometer erros que levem ao fracasso. Isso é ânsia de acertar sempre e depositar os traumas nos filhos.
A superproteção é um indicador para uma aprendizagem mais efetiva, compreendo a atenção exacerbada prestada pela mãe de Milena, porém é importante ressaltar que tudo deve ser moderado. Segundo Servantes:

 “[...] muitos dos nossos alunos estão sendo criadas (formados, educados) por avós, colaboradoras do lar. As famílias, em sua maioria, deixarão de ser nucleares, nas quais os pais não são mais os únicos responsáveis e mais presentes na educação de seus filhos.” (p.7).


A criança insegura não confia em seu valor pessoal, não acredita em suas habilidades, nem em sua capacidade, o que o impulsiona a se apoiar, nos outros ou entrar em crise e se sentir sozinha. No caso da mãe de Milena, observamos esta insegurança em seu comportamento superprotetor com a filha ao insistir todos os dias nas orientações do que fazer quando se distância de seu campo de proteção. Educar, ensinar, colocar limites, todos sabemos que são fatores importantes na educação, mas limitar o desenvolvimento natural do outro, é torná-lo tão inseguro quanto uma educação superprotetora. Em razão disso, desde crianças, passam a utilizar uma máscara de “bonzinho” como meio de ser aceito, reconhecido, aprovado, amado, mas dentro de si carregam uma enorme insatisfação interior que pode explodir numa raiva inesperada contra aqueles com quem convivem. O direito de decidir deve ser estimulado desde a infância. 
Por conta disso, além da educação familiar, os pais devem estar atentos para preparar os filhos para seu cotidiano, orientando para as dificuldades que possam ser encontradas em seu dia-a-dia, promovendo a socialização e autonomia, juntos, e encontrarem saídas que contribuam para a superação ou amenização das dificuldades e até dos problemas de aprendizagem, contudo, isso se complementa de forma mais eficaz quando se tem como parceiros a gestão escolar e a família. (SERVANTES, p.70) sempre demonstrando apoio e confiança para que sejam explanados os empecilhos encontrados, e assim sejam sanados conforme os norteamentos.
Por se tratar de uma mudança na rotina com uma atividade de recreação, Milena se demonstra interessada em participar ao momento que se dirige as pressas para compor o grupo de coleguinhas. Mas é nesse momento que começamos a observar a falta de acolhimento da professora (séria, sisuda, não cumprimenta e ordena). Por isso há necessidade de um processo inicial de conquista e estruturação de uma relação mais próxima do professor com o seu aluno, afinal ele precisa se sentir seguro para estar, emocionalmente, pronto para aprender. E no caso analisado, a professora já no inicio de sua aula provoca um desequilíbrio emocional desnecessário em sua aluna, e ao decorrer da aula não lhe da atenção para ouvir o que tem a dizer, agredindo psicologicamente com seus bordões “Milena, tão bonita e tão desengonçada.” Isso vai gerando uma decepção pela incompreensão. Penso que por querer manter a disciplina, ou seja, doutrinar as crianças, a professora se esqueceu do lado humano de seus alunos. Quando um professor observa seus alunos, como agem, como se relacionam com outros colegas, como se movimentam pelo pátio, podem indicar quem são. A intimidação do aluno provoca medo, insatisfação, dificilmente aprendizagem. Nesse caso, suas emoções, já formadas através do ambiente familiar, irão se co-relacionar (ampliar) com as novas emoções que serão criadas no ambiente escolar, dando significado ao seu desenvolvimento como pessoa e como aprendiz. Segundo Camargo, “as motivações, as emoções e sentimentos devem grande parte de sua força e estrutura aos intercâmbios pessoais.” (2004, p.123).
A escola tem grande importância em proporcionar um ambiente favorável a seus aprendizes, mais especificamente, um espaço físico adequado. Vemos que as mochilas no chão proporcionaram a queda da aluna, onde tudo começou. Penso que, se houvesse uma mesa, um suporte, esse fato “poderia” não ter ocorrido. Toda escola deve andar de mãos dadas a favor da educação plena de nossas crianças. A organização do espaço é uma das dimensões fundamentais para o desenvolvimento integral da criança, bem como suas potencialidades, contribuindo assim para o desenvolvimento de suas habilidades, sejam elas, motoras, cognitivas e afetivas. Quando se tem um espaço promotor do desenvolvimento e da aprendizagem, possibilitamos aos pequenos a liberdade para criar, produzir e ainda, divertirem-se ao aprender.
Todo e qualquer professor, deve ter um olhar especial sobre seus alunos, podendo analisar assim, como é o desenvolvimento de cada um em relação a sua aprendizagem. Mas este “olhar” não tem poder para definir padrões de comportamento e não pode ser o meio de diagnóstico de um professor sobre as dificuldades de cada um. Sendo assim, se o professor não pode decidir sobre uma identificação de um estilo, penso eu, que não deve haver espaço para que pratique sua exclusão por mera ignorância. Como professora, acredito que a parceria entre escola, professor, equipe gestora, família e alunos, deve existir todos os dias e não somente nas reuniões, assim qualquer problema é solucionado com tranquilidade e as crianças focam sua atenção na aprendizagem para um bom desenvolvimento. Milena se afastou da escola por 3 dias, e a professora nem se importou, apenas um telefone poderia ter sido feito, mas este, partiu da mãe para o aviso de que a aluna havia adoecido.
O profissional da educação a partir do que define Perrenoud (2001, p.25):

Definimos o professor profissional como uma pessoa autônoma, dotada de competências específicas e especializadas que repousam sobre uma base de conhecimentos racionais, reconhecidos, oriundos da ciência, legitimado pela Universidade, ou de conhecimentos explicitados, oriundos da prática.

Portanto, partindo desta afirmação de Perrenoud, refletimos que o professor deve ser dotado de competências prévias as que se conquistou com sua formação profissional, existe um individuo disposto a aprender a ser, a estar construindo uma identidade. Mas como em todas as áreas existem bons e maus profissionais.
Na verdade, não há uma forma única de ensinar, também não há uma forma única de aprender. Estamos em constante processo de aprendizagem de nossa própria formação de identidade profissional. No caso analisado, a professora lida com diferentes alunos de comportamentos diversos, mas agride uma em particular quando a ridiculariza frente a sala de aula para manter a ordem. Sendo assim, como profissional, ela não coopera com o processo de aprendizagem e autonomia para a educanda, levando a mesma a decepção e até mesmo ao adoecimento. Isso pode gerar a ideia de fracasso.


Referência bibliográfica:


SERVANTES, Luciano Ferraz. Psicopedagogia: aprendizagem e autoria. UCDB. Campo Grande, MS.

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