Uma reflexão sobre os 11 anos de ações afirmativas

Uma reflexão sobre os 11 anos de ações afirmativas!

Pensar as desigualdades raciais e de gênero e ações afirmativas no Brasil é pensar o impacto das políticas públicas desde 2005. O que nos chama atenção após analise dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE )é que no que consta na população desocupada por raça/cor, certifica-se que de 2003 para 2013 caiu em 55,1% o número de brancos em situação de desocupação, enquanto entre os negros (pretos e pardos) a redução foi de 44,2%.

Tomando-se o mesmo intervalo de tempo e desagregando-se os dados sobre a população desocupada por meio do cruzamento entre raça/cor e sexo, o levantamento traz os seguintes resultados: a diminuição do contingente de desocupados foi maior entre os homens brancos (56,1% de redução), seguido das mulheres brancas (54,3% de decréscimo), dos homens pretos ou pardos (47,4% de queda) e por fim das mulheres pretas ou pardas (41,5% de recuo).                                   A síntese dos dados é clara quanto à persistência das desigualdades raciais e de gênero no mercado de trabalho brasileiro. As desigualdades raciais e de gênero não se expressam apenas nos indicadores sobre população desocupada, mas quando se analisa o rendimento médio da população ocupada.
A desigualdade dá sinais de redução quando os dados sobre o rendimento médio da população ocupada são cruzados não apenas com a raça/cor dos trabalhadores, mas também com o seu sexo. Nesse caso, constata-se que, se em 2003 as trabalhadoras negras ganhavam, em média, 49,7% da remuneração recebida pelas brancas, em 2013 esse percentual era de 57,8%.
Nos últimos onze anos, o Brasil mostrou vontade política para superar o racismo que subordina os negros e mulheres Aponta que o país desenvolveu um conjunto de iniciativas e políticas públicas de promoção da igualdade racial e de gênero, cuja face mais visível refere-se às ações afirmativas.
Nessa direção é importante saber juridicamente alguns avanços: 2003, da Lei 10.639, a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura da África e dos afro-brasileiros nas escolas; do Decreto nº. 4887, também de 2003, e decretos que reconhecem e definem os títulos de propriedade das comunidades quilombolas; 2005, do programa de ações afirmativas, em 2010, do Estatuto da Igualdade Racial; e da decisão, em 2012, pelo Supremo Tribunal Federal quanto à constitucionalidade das cotas raciais para acesso ao ensino superior.
As políticas de ações afirmativas permeia o intocável, a meritrocacia acadêmica, o poder. Os argumentos favoráveis afirmam a necessidade de um enfrentamento direto da sociedade brasileira a esse respeito, o que implica o reconhecimento de que o Brasil é uma nação racialmente desigual e que tal situação é fruto de séculos de privilégios.
As ações afirmativas é antes de tudo uma demanda da sociedade civil, e é uma política focal que investe recursos na reversão de desvantagens sociais historicamente construídas e retroalimentadas em detrimento de pessoas pertencentes a grupos discriminados e socioeconomicamente cerceados no decorrer dos anos.

Comentários

  1. Bem lembrado, Lis, não podemos esquecer dessas demandas sociais e raciais que foram, se não totalmente resolvidas, ainda tiveram um retorno positivo singular em décadas de esquecimento das elites políticas e sociais do Brasil.

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  2. Bem lembrado, Lis, não podemos esquecer dessas demandas sociais e raciais que foram, se não totalmente resolvidas, ainda tiveram um retorno positivo singular em décadas de esquecimento das elites políticas e sociais do Brasil.

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  3. Sabemos que essa questão racial continua e creio que não será fácil a conscientização, até porque ainda precisamos colocar na cabeça dos negros que não somos inferiores, mas creio que enquanto tiver alguns como nós com poder de influênciar não só com palavras mas também com ações, no futuro teremos menos desigualdades,começamos em casa, levamos para as escolas, setores públicos e em todas as áreas e estância, ainda estamos num país que alguns negros não aceita outro assumir um cargo mais elevado, é triste, mas parabéns para ti Lis que levanta essa bandeira e tenho certeza que muito sentem orgulho por sua atitude.

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