A importância de contextualizar as nossas feridas.
É de
extrema importância discutir os conceitos de preconceito, discriminação,
racismo, gênero, intolerância religiosa e desigualdade, para compreendê-los
como instrumento teórico que permite uma abordagem empírica e analítica das
relações sociais. Os conceitos são tipificados para que se compreenda na
sociedade.
A
contextualização nos permitir entender o sujeito no mundo e a origem de algumas
ações e discussões e temos a capacidade de compreender e refletir
criticamente de modo a intervir na nossa realidade e transformá-la.
Preconceito.
O preconceito
é um conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou
conhecimento dos fatos; ideia preconcebida; trata-se de julgamento ou opinião
formada sem se levar em conta o fato que os conteste. Envolve uma suspeita
infundada, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos,
religiões, etc.
O preconceito é dirigido contra
um indivíduo ou grupo de indivíduos, portanto, tem sempre um cunho negativo, pejorativo.
Define Christiano Jorge Santos
(2001, p. 39) que:
“O preconceito representa uma ideia estática,
abstrata, pré-concebida, traduzindo opinião carregada de intolerância,
alicerçada em pontos vedados na legislação repressiva.”
Portanto, vale destacar que a
simples elaboração intelectual do preconceito não presume crime, sendo
necessária a exteriorização desse sentimento para punição do agente, ou seja,
se for somente de foro íntimo, não cabe sanção, seja penal ou cível.
Indica portanto, um pré-julgamento, um
sentimento ou resposta antecipado, manifestado geralmente na forma de atitude
discriminatória perante raça, etnia, culturas, religiões, gênero, lugares ou
tradições, consideradas diferentes, inferior e/ou estranhos. Ao ser usado no
sentido pejorativo costuma ser simplista, grosseiro e maniqueísta.
Para o sociólogo Theodor Adorno (1950), a
fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas
autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento
às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as
regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se
preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma
lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e
rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como
suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e
suspeita.
Discriminação
Por discriminação tem-se o entendimento de diferenciação, distinção,
restrição, dentre outros, e torna-se percebida quando ocorre a exteriorização
de uma conduta.
Segundo a Lei 7.716/89, a discriminação trata-se de ato de cunho que segrega
(negativo), comissivo ou omissivo, a um indivíduo ou grupo de indivíduos, por
pertencer a uma raça, cor, etnia, religião ou por sua procedência nacional,
limitando, tolhendo ou atrapalhando o exercício de um direito regulamentado.
Portanto, discriminação
significa distinguir ou diferenciar pessoas. No entanto, o sentido mais comum
desta palavra aborda a discriminação como fenômeno sociológico.
Racismo
Racismo é um tipo de discriminação baseada no
conceito de que existem diferentes raças humanas e que há uma hierarquia. Esta
noção tem base em diferentes motivações, em especial as características físicas
e outros traços do comportamento humano.
Segundo Hédio Silva Jr ((2002, p.35):
(...) podemos inferir que a expressão “prática
do racismo”, por evidente, não exige que o agente possua destreza ou domínio
científico ou retórico dos teoremas raciais, muito menos filiação de longa data
ou engajamento político-ideológico às teorias raciais, tampouco que produza uma
ação movida por ódio racial e que esta seja dirigida ao grupo racial no seu todo
bastando que tal “prática” reflita o conteúdo nuclear da “ideologia”: uma
prática baseada em critério racial, que tenha como finalidade ou efeito a
violação de direitos. (SILVA, 2002,
p.35)
Racismo, portanto, trata-se de uma doutrina sustentada pela ideia de que
uma raça é superior à outra e que, assim o sendo, resulta na marginalização,
segregação e separação de uma raça em detrimento de uma outra, por declarar-se superior.
Gênero
O
conceito de gênero é definido por Alves e Pitanguy (1985), como uma construção
sociocultural, que atribui a homem e mulher papéis diferentes dentro da
sociedade e depende dos costumes de cada lugar, da experiência cotidiana das
pessoas, bem como da maneira como se organiza a vida familiar e política de
cada povo.
Gênero
é a ligação entre homens e mulheres e a natureza com finalidade mesmo que
simbólicos, da igualdade entre eles. Neste sentido, o conceito de gênero é
compreendido como a desnaturalização do sexo, como características biológicas
de cada indivíduo, delimitando o poder entre os sexos.
Biologicamente o conceito de gênero é um
termo utilizado na classificação científica e agrupamento de organismos
vivos, que formam um conjunto de espécies com características morfológicas e
funcionais, refletindo a existência de ancestrais comuns e próximos.
Intolerância religiosa
A
intolerância religiosa é um dos problemas mais delicados da atualidade, o fanatismo
religioso, tão entranhado em milhões de pessoas, conduz umas a realizarem,
contra as outras, verdadeiras guerras, em nome, supostamente, de sua religião,
como se fosse possível estabelecer, com isso, qual a religião com a “verdade”
A
Constituição Brasileira, em seu art. 5º, inciso VI, preceitua que é inviolável
a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e as suas liturgias.
Todos e
todas tem o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião e
de prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a
fundação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais
fins, segundo a Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial).
A prática de ato de intolerância religiosa constitui
violação ao Estado Democrático de Direito, que não coaduna com a finalidade de
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a intolerância religiosa é um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas
a diferentes crenças e religiões.
Desigualdade
A desigualdade reporta-se
ao “desigual reconhecimento dos indivíduos humanos enquanto pessoas” (Therborn,
2006: 7). Algum fenômenos históricos como o patriarcado, a escravatura, apartheid
são algumas das manifestações mais conhecidas das desigualdades existenciais nas
sociedades.
Existem atualmente outras versões (reelaboradas)
dessas e doutras desigualdades, umas mais institucionalizadas, outras mais
difusas socialmente.
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