Um amor para Louise...

Você tem que aprender a levantar-se da mesa quando o amor não estiver mais sendo servido.” (Nina Simone).

Desenvolvo um projeto a quase um ano chamado: Eu escuto Histórias de amor, escutando mulheres, diagnosticando os problemas e desenvolvendo cinco saídas, mas todos os dias fico impressionada e agradecida com o papel que tenho de construção e de cuidado com estas mulheres negras, da mesma forma que sinto-me protegida e construída, é uma permuta.

As dores destas mulheres não ficam nas horas de escuta, cercam o meu cotidiano e me deparo com suas falas e suas interpretações no meu dia a dia. Há um processo direto de afetação, não consigo me afastar do campo, porque eu também sou girassol. 
Sinto-me mergulhada nestas histórias e imersas nos sentimentos alheios. Depois de tantas emoções, decidi escutar Adele com a música Someone Like You, onde a mesma trata de um amor falido que tinha o tempo para durar, mas a dor da partida não acompanhou, eu sinto a dor dele e isso também é sociologia. Estamos falando destas dores que não acompanham o término e ultrapassam os dias gerando saudades.
Deverás, o que me chama mais atenção são mulheres endurecidas e decididas a não mais sofrer e não mais amar, e é possível ser feliz sozinha? Sim, para muitas delas.
Escutei de Louise que as lágrimas entornam pra dentro, é vida que segue e amor que fica em segundo plano. Temos mais projetos para tocar. Acredito que este foi o projeto de muitas mulheres negras, transformar a afetividade em adubo, diluir a solidão, que cabe a nós, e tocar a vida de forma tranquila como as águas aparentes do rio.
Só não desejo que estas águas trasbordem de dentro para fora, porque dentro destes corpos, há pedras que os rios não conseguem contornar.
Elisia Santos.