As Máscaras negras que vestimos!
Pensar o ser negro na nossa sociedade é
discutir as representações forjadas sobre nós e de que forma interpretamos, por
proteção, personagens sociais muitas vezes caricatos. Goffman (2009), em seu
livro: A representação do eu na vida cotidiana utiliza da metáfora do teatro
para abordar a questão das relações interpessoais. Na sua ótica, interpretamos
de modo constante o papel que queremos transmitir, assumindo personagens e nos
tornando atores e atrizes em um determinado encontro de interação social.
Pensando na representação do negro e da negra,
sabemos quais papéis nos designa e de que forma querem que estejamos, a partir
disso, temos duas saídas: confirmar os estereótipos ou abolir qualquer
resquício do preto e preta de sorriso aberto e de corpo sexual.
Aimé Césaire no Discurso sobre o
Colonialismo aponta que foi um papel de Estado nos formar enquanto uma
população com complexo de inferioridade, o tremor, a prostração, o desespero, o
servilismo. Foi algo elaborado e ainda temos estas amarras, sem chaves e cheias
de nós.
Contudo, não podemos esquecer que a população
negra transcende todas as amarras e dores, e adentar o espaço universitário via
ações afirmações, pensa e promulga leis, constrói Secretarias especializadas e
se mantém raiz, como bem canta Nina Simone em Ain't Got No / I Got Life que
podemos não ter dinheiro, vida, bebidas e comidas, mas temos nossa liberdade e
os nossos próprios pés.
Elisia Santos
Referências bibliográficas:
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida
cotidiana. Petrópolis: Vozes, 2009.
GOFFMAN, Erving. A Situação Negligenciada. In BT Ribeiro e P. Garcez (Eds.). Sociolinguística Interacional. São Paulo: Loyola, 2002. P 13.20
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Bahia: Editora
Edufba, 2008.
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