Para que serve a etnomedicina para nós negras?



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O conceito de etnomedicina trata-se de práticas e crenças, utilizadas por povos indígenas, africanos e povos considerados de cultura tradicional não-branca para prevenção e tratamento de doenças para além da alopatia.A medicina popular ainda não é bem aceita como método da biomedicina e ainda há um longo caminho a percorrer até a aceitação, dentre os motivos para tal encontra-se a monopolização da medicina que teve início em 1829 com a fundação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro. A medicina sempre se apropriou das práticas populares de cura, no entanto, nunca tiveram uma relação amistosa, sempre esteve impondo limites e saberes, no entanto, as práticas e crenças populares oferecem diariamente ajuda à medicina clínica.Desde o final do século XIX a Antropologia aborda temas sobre saúde, corpo, formas de tratamento e cura alternativa, dessa forma, vem acumulando ao longo dos anos vasto conhecimento sobre os diferentes grupos sociais, bem como suas experiências com a medicina alternativa. Essa arte curativa nada mais é que uma medicina centrada na observação e interação direta com o paciente e compreende que é necessário sanar a pessoa em sua totalidade: espírito, mente e corpo. Para comunidades tradicionais o adoecimento está relacionado a aspectos do corpo, religiosos e sobrenaturais, para o restabelecimento da saúde faz-se necessário reconstruir uma relação harmoniosa no plano espiritual e do corpo, para tanto são utilizadas plantas e ervas medicinal.



Disponível em: http://amaepreta.com.br/2015/05/gravidez-ideias-para-ensaio-fotografico/ Último acesso em: 22 de julho de 2019.
  

As mulheres negras e índias possuem papel fundamental nessa cultura, inúmeras são as pesquisas etnomédicas que apontam a mulher como a primeira responsável pelo cultivo de plantas, tanto medicinais quanto alimentícias. As plantas possuem a função de trazer alivio e cura as diversas particularidades biológicas das mulheres, tais como o parto, a gravidez, o aborto, a menstruação, o controle da fertilidade, a esterilidade, entre outras.As práticas curativas da cultura xamã como as da africana são transmitidas através da oralidade, de geração a geração, e algumas modificações e adaptações foram sendo observadas ao longo do tempo. O aspecto sobrenatural é extremamente importante nessa cultura, pois é através de sonhos ou do contato com os espíritos que são realizados os diagnósticos, o tratamento e a cura nos pacientes; ervas e plantas medicinais são selecionadas, preparadas e aplicadas no processo de cura. Para esses grupos sociais as práticas médico-mágico-religiosas tem sido eficientes e consequentemente, são valorizadas e respeitadas.


Disponível em: http://ajindo.blogspot.com/2012/05/Último acesso em: 22 de julho de 2019.

A importância dessas culturas reside no fato de que alguns de seus saberes têm sido utilizados não somente por esse grupo, mas também por outras culturas, pois apesar da medicina tradicional seguir o que é estabelecido pelo capitalismo, principalmente, no contexto da saúde/doença que é voltado para a medicalização e fortalecimento da indústria farmacêutica, ela tem se rendido aos métodos de nossos ancestrais. No que se refere ao parto, se percebe, na atualidade, que há uma valorização do parto natural, humanizado, em detrimento do parto cesáreo (durante décadas parecia ser um imperativo), por ser mais saudável e trazer muitos benefícios tanto para a mulher, quanto para a criança, visto que filogeneticamente o corpo feminino possui todo um aparato para reproduzir e dar a luz.

A etnomedicina é importante para nós mulheres negras, pois é a conexão com nossos ancestrais e o que temos de mais forte na nossa comunidade: as nossas raízes!

Socióloga Elisia Santos


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