Grandes desafios de como lidar com as questões de identidade de gênero e sexualidade na escola.


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Nosso grande desafio é como lidar com as questões de identidade de gênero e sexualidade na educação. O nosso primeiro passo é compreender o conceito de gênero, corpo e de sexualidade em suas interfaces é ir além do que denominamos masculino/feminino.
O segundo é entender que o conceito de gênero reflete o modo como diferentes culturas, em diversos períodos históricos, classificam atributos pessoais, os papéis sociais, labor, atividades de trabalho na esfera pública e privada, e os encargos destinados a homens e a mulheres no campo da política, da religião, da educação, do lazer, dos cuidados com saúde, da sexualidade etc.
O conceito consegue mais expressividade na década de 70, como objeto de analise das ciências sociais, atualmente, há ele perpassa diversas disciplinas, principalmente aquelas que fazem alguma interface com o campo da sociologia, saúde ou do direito. Dentro das ciências sociais, os estudos de gênero foram e são responsáveis por estudos sobre corpo e sexualidade.
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No Brasil, as feministas introduzem o conceito na década de 80, na intenção de evidenciar que “o conceito de gênero se configurava num construto social e histórico, produzido sobre as características biológicas” (LOURO, p.21,1997).
O conceito de gênero é construção e seu significado está para além das diferenças biológicas entre os sexos, para Louro:
(...) o conceito pretende se referir ao modo como as características sexuais são compreendidas e representadas ou, então, como são trazidas para a prática social e tornadas parte do processo histórico. (LOURO, p.22,1997).

Podemos observar que ao longo da história as mulheres começaram a questionar este padrão que só (re) produziam desigualdades sociais e culturais entre os sexos. Essa narrativa foi e é reforçada, quando perceberam que em todos os setores sociais havia uma reprodução destas construções que gerava diversas formas de hierarquia de gênero, em geral com destaque para o gênero masculino.
Segundo hooks (1984) gênero é instrumento basilar do patriarcado capitalista de supremacia branca, pois em diferentes tempos históricos, contextos sociais, culturais, econômicas, religiosas e políticas tiveram desigualdades oriundas dessa relação. O binarismo masculino-feminino criou polos opostos – homem x mulher – que se convivem num sistema de dominação-submissão. Por conta disso, a ideia de dominação-submissão é retroalimentada ao assinalar a superioridade de apenas um dos polos (masculino),
entender processos de construção/reconstrução das práticas das relações sociais, que homens e mulheres desenvolvem/vivenciam no social" (Bandeira e Oliveira, 1990, p.8), tem redundado em algumas questões que precisam ser melhor clareadas. Em primeiro lugar, o conceito tem uma história, pois ao longo dos séculos, as pessoas utilizaram de forma figurada "os termos gramaticais para evocar os traços de caráter ou os traços sexuais (Scott, p. 72, 1995)

Na nossa cultural, temos o péssimo habito de colocar como “normal” a relação heterossexual e qualquer comportamento, gosto ou prática sexual que transcorra esse binarismo é visto como desvio da norma.
A sexualidade deve ser o ápice do amor, ternura e intimidade, que integra o que sentimos, é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual sem preconceitos e padrões.
Falar se sexualidade é discutir o corpo na sociedade. A forma como usamos o corpo está relacionado a um conjunto de sistemas simbólicos, idiossincrasias e nossas identidades, nosso corpo se inscreve a cultura que pertencemos ao mesmo tempo em que se originam e se propagam significações que constituem a existência coletiva e individual.
Este corpo é um ser agente que adquire significado na experiência social, sendo “ele próprio um discurso a respeito da sociedade, passível de leituras diferenciadas por diferentes agentes sociais” (VICTORA, p.75, 2001).
As práticas e representações femininas a respeito da maternidade, sexualidade, e contracepção esta relacionadas à compreensão dos significados, pois, é no discurso escolar que percebemos as diversas leituras dos sujeitos sociais e a possibilidade de contínua (re) interpretação.
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Corpo, gênero e sexualidade estão imbuídos numa série de conceitos e ideias que serão discutidos no espaço escolar. Estas categorias são moldadas, ganham formas, e estão imbricadas com os mecanismos de poder, presente nos discursos e práticas sociais, precisamos estar atentos a estes conceitos na sala de aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.
bell hooks. Feminist Theory: From Margin to Center. 1984
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva Pós- estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica Editora: UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, 2012.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, jul./dez. 1995.
VÍCTORA, C.G. As imagens do corpo: representações do aparelho reprodutor feminino e reapropriações dos modelos médicos. In: LEAL, O. F. (Org.) Corpo e Significado: ensaios de antropologia visual 2. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2001, 75-88.


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