Uma epidemia branca em corpos negros. .

Quem somos nós neste universo de corona vírus e epidemias? Acabei de ler o texto da professora Doutora Luciana Brito que saiu na revista Nexo, e mais uma vez fiquei orgulhosa de como nós negras conseguimos fazer uma síntese de forma coesa e inteligente das catástrofes sociais com embalsamento, polidez e sapiência. Adentrando numa seara de cunho popular, quantos filmes ou séries nós assistimos sobre zumbis, epidemias, vírus e Apocalipse? Qual lugar da população negra nesses filmes? Estamos vivos? Qual o nosso lugar agora?

Escrevo, pois, além de ser população de risco, sou uma mulher negra, asmática e temo por minha vida e dos meus e minhas! Além disso, o racismo não perdoa! Mais cedo me deparei em uma lanchonete em Feiras de Santana e quando solicitei da atendente álcool gel, de forma muito educada e com os olhos de cansaço disse que não tinha e o patrão dela, De forma muito dissimulada e presunçosa disse sorrindo “Esta negona não precisa, ela é retada e não vai pegar essas coisas”.

Não pegamos essas coisas? Era assim na escravidão quando nos passava sífilis para serem curados? É a galera que vem de fora e fica de quarentena com empregada e não liga se ela vai contrair o vírus? O que foi complexo de Monteiro Lobato, tia Nastácia não fica doente né? Não tem família, não corre risco. Somos os Heróis e heroínas da vez!  Estamos em tempo de cólera e mais uma vez é nós por nós, queridos e queridas, guarde seu perfume francês e suas lembranças de um euro para dar outro dia!

Nós pretos e pretas ainda precisamos viver muito para se ter justiça nesta sociedade. Resguardo, nos conhecemos este nome, vamos seguir a risca !!

Mestra Elísia Santos, a socióloga da sociologia preta mais necessária neste mundo.